Saudações Rubro-Anis!!!
Dizem que o futebol é uma "caixinha de surpresas". É, as vezes é mesmo. Mas também dizem que no futebol "não há mistério". É, às vezes não tem mesmo. A verdade é que no futebol não há verdade. Vejam o Flamengo: estava a 100 por hora, e de repente "parou na esquina". O Vasco, que ninguém apostava um fósforo queimado no início do ano, agora está nas cabeças. Pois o nosso Íbis não poderia ser diferente. Em cada jogo nosso há uma surpresa, embora aconteça as mesmas coisas de sempre. Vejam:
Neste domingo, demos a revanche aos companheiros do Mandela,
que em julho batemos por 3 a 2. O nosso técnico Clodoaldo estava pressionado, sendo cobrado pela torcida, criticado por descaracterizar o time, colocando contratações para jogar de titular, sem nem mesmo serem aprovadas antes no famoso teste das duas embaixadinhas e meia. Enquanto isso, membros fundadores do Íbis foram sendo abandonados, esquecidos no banco de reservas. O clima era de crise. O técnico foi obrigado a se mexer.
E se mexeu. Primeiro, para a alegria da nação, botou a tradição para jogar. Mas, novamente, todo mundo sem posição definida. Lembram do inicio do texto? Surpresa versus Mesmice? Pois é. O time ficou assim:
Gal; Jamir, Gê, Paulo, Daniel; Duardo, Rodrigo, Rafael e Denilson; Gabriel e Célio.
O outro jogo contra o Mandela foi exatamente o oposto deste (relembre
aqui). Naquele começamos superbem e abrimos 2 a 0 (surpresa?). Desta vez, começamos desarrumados, ninguém acertava posição, passe, chute, nada (surpresa ou mesmice?). O Mandela, que não estava bobo, veio para cima (surpresa?). O primeiro gol não demorou a sair. Numa troca errada de passes e num vacilo do Paulo, roubaram a bola e marcaram, sem chances para o Gal. 1 a 0.
O jogo continuou nesse tom, a bola não parava no nosso ataque (mesmice?), Gabriel estava tendo péssima atuação, sendo muito cobrado. Célio, por sua vez, quase não tocou na bola. Até que Gal, com a melhor das intenções, foi sair a bola com as mãos e entregou no pé do adversário que, sem nem precisar do aviso do Célio, viu que o goleiro ficou vendido e mandou por cobertura. 2 a 0 (surpresa ou mesmice?).
Bom, dai até o final do primeiro tempo a coisa não mudou. O Mandela pressionava e o Íbis segurava, mas não saía para o jogo e ficava sem oportunidades. Clodoaldo, do lado de fora, já fazia as contas do FGTS...
O técnico percebeu que não ia ter jeito, ia ter que fazer mudanças radicais. Primeiro, na base do "Faça Você Mesmo": pegou sua camisa e foi para a zaga. Promoveu também duas estréias: um lateral esquerdo e um meia-esquerda, que o mau repórter aqui não anotou o nome (surpresa ou mesmice?). E fez as duas mudanças que mais contribuíram para o resultado do jogo: primeiro,
a reestréia do homem que assinou contrato e sumiu. Ele mesmo, o Júlio, que todos achavam que curtia férias no exterior, às custas do cheque sem fundos que lhe demos de luvas. E a segunda alteração, esta sim, surpreendente e audaciosa: o nosso goleiro Alain, candidato a "Mão de Alface" do mês, entrando no ataque. Centroavante! Era tudo ou nada.
Mesmo aos gritos de burro!, maluco! etc., Clodoaldo pôs o plano em prática. E, em poucos minutos, calou a torcida. O time passou a jogar, a dominar, a prender a bola no ataque. Júlio deu um toque mais refinado ao meio-campo, fazendo jogadas com o meia-esquerda, com Denilson e com Alain. O Mandela ainda estava perigoso nos contra-ataques, mas a zaga estava se virando, mesmo com um vacilo ou outro. Até que, numa jogada de passes rápidos, Alain, correndo muito, apareceu de frente para o goleiro, que saiu à toda, tocou antes na bola e fez o primeiro. Gol do Íbis!!! Definitivamente, entrávamos no jogo. (surpresa ou mesmice?)
Continuamos tocando mais a bola, e o Mandela continuava perigoso. Clodoaldo, na zaga, jogava com a disposição de sempre. Jamir, que continuou na lateral, subia de produção, avançando ao ataque, tabelando com o meio-campo. E foi numa dessas tabelas que, chegando à linha de fundo, em velocidade, na bacia das almas, quando todos achavam que o experiente lateral levaria a mão à coxa a qualquer momento (o velho migué), eis que ele alcança a bola, olha com calma para a área, vê Alain livre e cruza. Alain passa da bola, mas ainda briga por ela e marca. Golaço do Íbis!! 2 a 2. Segundo dele.
Estávamos melhor no jogo, que parecia o retrato invertido do jogo anterior. Se fosse isso mesmo, mau sinal: o Mandela voltaria a frente. E, para piorar, a coisa não parecia impossível. Embora estivéssemos na pressão, o contra-ataque estava sempre trazendo perigo. Num desses, em alta velocidade, Clodoaldo trombou com o atacante do Mandela. O choque foi feio, mas o juiz não achou que foi falta. Houve muita reclamação do Mandela, mas o jogo prosseguiu. Pouco depois, avançando para o ataque, para tentar a vitória, o escriba aqui tabelou com o Rafael no meio e colocou na frente para chutar ao gol, quando levou uma bordoada que nem viu de onde. Era o revide. Porém, sem maiores estresses, conversa daqui, conversa de lá, ficou tudo resolvido. Mas tinhamos uma falta perigosíssima para bater. Era a chance da virada. Júlio ajeitou com carinho, olhou, mirou e... carimbou a barreira. É, não tinha jeito. O jogo acabou, mas com a sensação de que com mais cinco minutos, o Íbis virava (surpresa ou mesmice?).
Algumas conclusões:
1- Clodoaldo foi mantido no cargo, e é mais um que saiu do clube dos "burros" para o dos "gênios" em 45 minutos.
2- O departamento médico do Íbis é mesmo de primeira. Depois de quase carimbado com o selo 'bichado" no meio do ano, Jamir deu um pique que não dava há uns 20 anos (e ainda acertou o cruzamento). Sinistro!
3- Perdemos um goleiro. Mas ganhamos um centroavante promissor e, pelo visto matador! (veja a entrevista do destaque do jogo
aqui)
Final: Íbis 2 x 2 Mandela. 19.09.2011. Campo do Aliança.