Capítulo 1 - O Suspense
A coisa começou preocupante. O Íbis estava a postos (com algumas exceções de sempre) no horário marcado, 11 horas. Porém, a FFPRJ (Federação de Futebol de Pelada do Rio de Janeiro) fez uma tremenda confusão, marcou outro jogo no mesmo horário, e peladeiro que é peladeiro não quer nem saber, entra logo em campo para assegurar o espaço. Quatro times em campo! Conversa daqui, conversa de lá, e ninguém resolve nada. Tudo isso enquanto nosso Eurico Miranda contava carneirinhos em Jacarepaguá... Por fim, o Íbis, como sempre dando exemplo de solidariedade e "Fair-Play", se sensibilizou com a rapaziada do time de camisa marca-texto, que disse ter vindo lá de Deus-me-Livre, pegando três ônibus e pagando com o bilhete-único da segunda-feira. Fomos para a espera, sob protestos da torcida, já ansiosa por nosso show.
Capítulo 2 - Presenças Ilustres
Apesar desta primeira "derrota", o ânimo do time começou a melhorar, pois havia presenças ilustres na torcida. D. Glória, uma das matriarcas do time, deu o ar da graça e foi prestigiar a equipe. Depois da bola rolando também chegou D. Nêga, a outra matriarca, para completar a torcida. Não era dia para uma derrota.
Capítulo 3 - Uma Chave
Enquanto o jogo não começava, alguns jogadores atendiam a imprensa, outros atrasados chegavam (né Clayton), e teve até um atrapalhado tendo que acertar o short posto do lado errado, em meio às inevitáveis zoações dos companheiros (faz parte...). Também rolavam as eternas discussões sobre a tática ideal para o time, que é na verdade um acordo de peladeiros que sempre termina assim que a bola rola. Eis que de repente alguém dá falta de uma chave. Não era a chave para a vitória, que ninguém no Íbis conhece. Era uma chave de verdade. Procura daqui, procura de lá. Nada. Lá para as tantas, eis que ela surge. Aonde? Contando ninguém acredita. Mas estava lá, na chuteira do recém- titular centroavante Gabriel. Reparem: estava DENTRO DA CHUTEIRA DELE, JÁ CALÇADA!! Parecia um mau sinal. Se nosso atacante não sentia nem uma chave nos pés, que dirá a bola... Mas ainda não sabíamos que aquela chave se converteria num insólito amuleto da sorte...
Capítulo 4 - Rola a Bola!
E enfim, com a torcida já em polvorosa (o pessoal do contra diz que era só por fome, pois já eram meio-dia), finalmente a bola rolou. O time começou muito bem postado, a zaga sólida, com as novas "torres gêmeas" do Quitungo, Edu e Gal, se impondo. As laterais preocupavam um pouco. Jamir e Daniel foram improvisados lá, para marcar uma molecada que, como bem observou mestre Tidú, "corriam mais que notícia ruim". Mas a ameaça não se concretizou, nossos laterais usaram toda a sua experiência. O Ibis logo se impôs, tocou a bola, tabelando entre si (e com os buracos do campo) e, numa jogada tão rápida que quase ninguém viu, Gabriel apareceu do nada, sozinho, segundo o juiz, sem impedimento. Driblou o goleiro e, só não entrou com bola e tudo, "porque teve humildade em gol". GOOOOLLL DO ÍBIS!!! Gabriel, estrela da nova geração, marcou pela primeira vez com a camisa rubro-anil, e já foi notificado pela diretoria que terá que usar uma chave na chuteira nos próximos jogos.
O Suruí, que era o adversário, tentou igualar a partida, mas não passava nada na muralha que era a defesa do Íbis. O goleiro Alain quase pegou no sono. Na frente, o maestro Lelê lançava bolas açucaradas para Clayton, Gabriel e Célio; mas desconfia-se que eles estavam de dieta, pois não aproveitaram uma sequer. O primeiro tempo terminou com o Íbis sufocado, mas vencendo, e mesmo assim o time, representado pelo capitão Clodoaldo, reclamou que queria mais jogo... Peladeiro não sabe mesmo o que quer.
Capítulo 5 - Marmelada?? Não, Bananada!!!
Dizem que há uma maldição no Íbis: a maldição do 2º tempo. Parece que a gasolina do time sempre acaba. Mas ontem foi diferente. O Suruí veio para cima, como era de se esperar, mas o Íbis estava determinado. Os ataques saíam meio descoordenados, mas no momento em que o jogo estava ficando mais crítico, apareceu a raça. Escanteio na área, bate, rebate, cadê a bola, cadê a bola, eis que ela surge: corre por braço, barriga, joelho, perna, ninguém sabe direito, nem ele. O que se sabe é que a bola sobrou e ele guardou. Célio Bananada!! Ele, que já estava avisado que ia sair, não titubeou, aproveitou sua última chance, foi às redes e correu pra galera!! Literalmente. O cara já tem até torcida organizada! Que figura. Desafogou o jogo, que dai em diante ficou dominado.
Capítulo 6 - Drama ou Migué??
Mesmo com 2 a 0, não se pode bobear. Jamir sabe disso e, mesmo com tudo contra (quilos a mais, uns 20 anos a mais, etc. etc.), saiu num pique atrás de outro "notícia ruim" do Suruí. O resultado não podia ser diferente... Ainda não sabemos a gravidade da contusão (será postado em primeira mão aqui no blog), mas o que sabemos é que, apesar da grande partida de Jamir, os bons minutos em que ele rolou no chão, esperneou, fez cara feia, etc. etc., serviram para esfriar um pouco o jogo. Boa catimba! Andrezinho entrou no seu lugar. Também entraram Marcio e Bruno. Era a hora do contra-ataque. Meio que sem querer, a arapuca contra o Suruí foi montada.
Capítulo 7 - Baile Final
Com o ataque ficando mais leve, e a defesa ficando mais cansada, chegou a hora de usar toda a "experi" do time. O adversário veio para cima, mas o campo estava a nosso favor. Nos raros momentos em que a zaga era batida, o "montinho-zagueiro" se encarregou do serviço, atrapalhando os chutes do Suruí. Uma das bolas deve ter ido parar lá em Belford Roxo... Mas o Íbis estava jogando muito e, com raça e inteligência, matou o jogo. Primeiro, após rápida tabela, Clayton apareceu de cara para o gol, a bola à feição para mandar a bomba mas... ele deixou ela quicar! A torcida já se preparava para ofender Tia Domingas, mas nosso atacante é raçudo, continuou no lance, trombou com o goleiro, e a bola acabou livre para Bruno marcar o terceiro. Tava dificil de acreditar. O time manteve a tática, defendendo bem e tentando sair rápido para o ataque, quando, depois de uma bola roubada quase na pequena área da nossa defesa, saiu o lance perfeito, para coroar a atuação magistral do time. Edu saiu com a bola, com autoridade, tocou mais a frente para Márcio que, em alta velocidade, rolou na direita para Bruno, que esperou para devolver no momento certo para Márcio, a esta altura já quase na grande área adversária. Ele carregou a bola mais a frente e fuzilou o goleiro. Que golaço!! Bola rolando de uma área à outra. Inesquecível. Pena os nossos jogos ainda não serem filmados. Este jogo foi, sem dúvida, mais um que ficará marcado para sempre na história gloriosa do Íbis Futebol Família!
Final: Íbis 4 x 0 Suruí. Campo do Aliança. 05-06-2011. Gols: Gabriel, Célio, Bruno e Márcio.
Detalhe: O Gabriel calça 38, a chuteira que ele estava usando era 42 e foi por isso ele alcançou a bola antes que ela saísse pela linha de fundo, no primeiro gol.
ResponderExcluirÉ mesmo. Ele terá que jogar com chuteira maior de agora em diante.
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